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Foto do escritorGastronomia Paraense

Renata Salatini: mulher destaque no agronegócio

Fundadora da Fazenda Maria Júlia, em Paragominas, Renata Salatini é referência no empreendedorismo estadual e nacional

Renata Salatini (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

Apaixonada pelo mundo do agronegócio e atuante na produção de soja, outros grãos e agora investindo na pecuária, Renata Salatini é uma mulher que inspira quem a cerca pela força e visão em sua atuação no agronegócio e demais empreendimentos. Paulista de nascimento, ela chegou no Pará em 2015 para tocar os negócios da família no setor do agro, quando fundou a Fazenda Maria Júlia, em Paragominas. Amou o Pará e desde então mora no estado. Aqui fez o negócio da família prosperar, resultado de muita dedicação e trabalho duro.


Mas o trabalho começou bem antes de chegar no estado. Inicialmente, o empreendedorismo no agronegócio não aconteceu por vontade própria de Renata, mas sim por uma necessidade à época, força maior que a fez se ausentar da função de secretária executiva, que exercia em São Paulo, para tocar a fazenda da família, que ficava bem distante de onde ela morava. “Fui para a fazenda para fazer um acompanhamento de uma colheita em um período de muita dificuldade e desafio para nós, como família, porque morávamos no estado de São Paulo e a fazenda ficava no estado do Mato Grosso do Sul”, disse.


A necessidade se deu porque o esposo de Renata, William Salatini, não podia se ausentar da atividade que exerce há mais de 35 anos na Usina Colombo Agro Industria, e a colheita da fazenda estava prestes a ser retirada do campo. “Para o produtor, é o período de maior dedicação, porque todo um trabalho foi executado e todo um investimento, não só financeiro, mas de tempo. São noites sem dormir. É algo que as pessoas precisam conhecer: como é que funciona a atividade no campo”, explicou.


Na ida de Renata ao Mato Grosso do Sul iniciou-se o empreendedorismo, quando ela, durante os 40 dias que pediu de licença da profissão que exercia, precisou fazer a transição de uma atividade com plenos conhecimentos para outra totalmente sem experiência. “Tudo foi acontecendo nesses 40 dias. Foi quando nós decidimos que ‘quem engorda a boiada é o dono’ e aí sim passei a me dedicar exclusivamente às atividades da fazenda, fazendo com que ela passasse a ter resultados positivos, com que nossos maquinários fossem modernizados, a comprar mais áreas no local onde nós estávamos e foi dessa forma que tudo começou”, relembrou.


Renata Salatini na verificação de sementes de soja na Fazenda Maria Júlia (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

Segundo Renata Salatini, as mudanças acontecem na vida das pessoas para que possam extrair o melhor. “A gente cresce com os pontos positivos e com os negativos também, são maneiras de serem visualizados para que isso se transforme em crescimento. Muita coisa mudou na minha vida desde que sai da minha casa e fui para o Mato Grosso do Sul até a nossa chegada aqui no estado do Pará e essas mudanças são constantes, elas não acontecem uma vez só, e precisamos estar atentos para não ficar na zona de conforto, porque o pior lugar para o ser humano ficar, é na zona de conforto, que ali não tem transformação, não tem evolução”, disse a empresária.


O empreendedorismo é positivo não só para quem está dentro dele, mas também para o crescimento das pessoas que estão envolvidas nesse processo todo, explicou Renata. “Não tem sentido desenvolver o negócio se as pessoas que estão dentro desse processo não crescerem. Essas pessoas vão levar essas experiências para casa, vão transformar tudo aquilo que adquirem dentro da empresa. Quem está disposto a levar esse crescimento, só vai ter resultados positivos. Nós precisamos, cada vez mais, expandir o contágio social positivo, porque é ele que vai fazer com que coisas boas aconteçam, não só nos lugares onde estamos, mas nos lugares para onde as pessoas puderem levar”, detalhou.


Movida a desafios, Renata tem satisfação em resolver problemas, executar e realizar projetos. Para ela, o empreendedor precisa estar preparado para a gestão de pessoas dentro do empreendimento. “São as pessoas que movem o negócio e ter toda essa capacidade faz com que resultados sejam diferenciados em diversos momentos da etapa do processo”, disse.

Missa de Ação de Graças com os colaboradores da Fazenda Maria Júlia, em Paragominas (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

Chegar ao Pará também foi desafiante. Ela buscou entendimento de como as coisas funcionavam, sobre a cultura e de como atuar na região e ser aceita pelas pessoas locais sem nenhum bloqueio. “Todas as mudanças geram desconfortos, isso aconteceu no Mato Grosso do Sul, quando nós chegamos lá e passamos a trabalhar com outro modelo de gestão, porque as pessoas estão acostumadas a trabalhar de uma maneira e, de repente, elas têm que trabalhar de outro modo. Aconteceu também aqui no Pará, porque você chega de outro local e passa a trabalhar de outra forma. Isso ocorre com todo processo de mudança, mas ter perseverança, foco, disciplina, determinação, sabendo que você tem um objetivo e onde quer chegar, é que vai fazer com que toda essa engrenagem se movimente e as coisas, devagar, possam acontecer”, afirmou.

Casa sede da Fazenda Maria Júlia no começo do empreendimento, em Paragominas (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

De acordo com Renata, é comum as pessoas associarem o empreendimento feminino com empoderamento feminino. “Quando nós falamos de negócios, isso envolve qualquer setor onde a mulher atua, é fundamental que ela tenha vontade, determinação, garra e força para levar sua ideia adiante e buscar os recursos e os caminhos para atingir seus objetivos. O empreendedorismo dentro do agronegócio, onde eu estou, funciona da mesma forma”, disse, ao destacar que as mulheres têm visão sistêmica, conseguem olhar o negócio como um todo e executam o profissionalismo sem deixar de lado questões sociais que envolvem recursos humanos humanizados, bem no sentido da palavra.


Renata Salatine e Maxiely Scaramussa Bergamin na Palestra Circuito de Negócios Agro Banco Do Brasil (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

“A mulher, no seu primeiro momento, exerce liderança bem expressiva dentro de sua casa, então ela consegue envolver a família, fazer com que as coisas aconteçam dentro do seu lar e, muita vezes, ela não tem noção disso, do quanto ela é importante e fundamental ao executar as atividades de maneira tão rotineira, e essas atividades não são valorizadas pela sociedade. Quando ela parte para o ambiente de trabalho, para o mundo dos negócios, é aí sim que tudo aquilo que ela faz de maneira dedicada dentro do seu lar com compromisso, responsabilidade, capacidade, coragem, determinação e foco começa a ser valorizado”, detalhou Renata.


Segundo a empreendedora, infelizmente a mulher tem que provar o tempo todo que é capaz. "Diferente do homem, e o agronegócio é predominantemente um ambiente masculino, isso se torna mais frequente ainda. O empreendedorismo feminino, em meu ponto de vista, fez com que as mulheres ocupassem espaços. Muitos falam de empoderamento, mas esse empoderamento já está dentro dela, ela só precisa fazer com que isso saia de forma espontânea e natural e ela leve isso para onde quer que ela vá”, destacou.



Renata Salatini e Lola (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

A transformação das pessoas ao entorno é a principal motivação de Renata Salatini. “O que mais me motivou a seguir firme no meu propósito, é que eu tenho um sonho. Esse sonho foi a meta da Fazenda Maria Júlia. É a nossa missão, que é produzir com sustentabilidade econômica, ambiental e social, transformando o futuro das novas gerações, para que essas pessoas que trabalham conosco possam ter oportunidade de seguir trabalhando aqui e que isso possa ser levado para suas casas, para suas famílias, melhorando o seu entorno, fazendo com que elas tenham também oportunidades de transformar tudo aquilo que elas querem fazer, que o mundo tenha a oportunidade de começar pequeno, nas ações locais, o trabalho de formiguinha”, contou, frisando que falar de ações sociais é pensar no tripé que move o negócio.


“É esse tripé que move ações econômicas, ambientais e sociais. Não é só pensar no ambiental como uma questão grandiosa. Sim, hoje em dia o produtor que não tiver atento às questões ambientais dificilmente vai conseguir permanecer no seu negócio, mas fazer com que esse olhar venha também para as famílias no sentido de preservar, de otimizar as coisas, de fazer da sua casa um ambiente onde ela aprenda a trabalhar outras questões como reciclagem de lixo, descarte adequado de uma embalagem dentro de sua casa e que ela leve isso para o ambiente onde ela está, porque hoje o Brasil está entre os países que mais produzem lixo: está em 4º lugar. É um dos mais populosos, então a quantidade de lixo que é produzida aqui no nosso país é gigantesca”, explicou Renata, citando que essas pequenas ações fazem toda a diferença somadas a outras atitudes, como ações econômicas.

William Salatini, Maria Júlia Salatini (filha do casal e inspiração para o nome da Fazenda) e Renata Salatini (Crédito da foto: Arquivo pessoal)..

“Levar uma educação financeira [aos colaboradores], para que possam entender como fazer economia de bens, de itens dentro da sua casa para poupar, economizar, ter rendimento, abrir uma conta, dar dignidade e condição para esse ser humano que trabalha, que produz, e que é o responsável pela movimentação dessa engrenagem que é o nosso negócio”, disse.


Renata enfatizou que empreender no agronegócio é para todos, só é preciso enxergar a propriedade como uma empresa. “E essa empresa precisa ter receita, ela tem despesas e isso vai se transformar em lucro ou não. O modo como isso vai ser gerido é que vai fazer toda a diferença. Então o pequeno produtor recebe os recursos, mas ele precisa saber qual é o momento certo de fazer a compra, o que ele vai comprar, qual a quantidade que ele vai comprar para fazer o seu plantio, ou na pecuária, e o momento certo de fazer a venda. Como vender, para quem vender, porque existe um mercado adequado para cada produto, então isso não tem ligação só com grande produtor. O processo de gestão envolve o agronegócio como um todo. Antigamente a agricultura era só vista como um modo de vida e hoje envolve o empreendedorismo, isso já vem de um longo tempo”, afirmou.


Essas transformações exigem que as competências empresariais façam parte das rotinas de trabalho nessas propriedades, frisou Renata. “Faz com que haja uma vantagem competitiva sustentável, fazendo com que essa sustentabilidade não seja vista só como uma sustentabilidade ambiental, porque quando se fala de sustentabilidade as pessoas só conseguem enxergar isso. O negócio precisa ser sustentável. Ele precisa dar retorno para quem está produzindo, como tomada de decisões, visões estratégicas, de futuro, tudo isso envolve o empreendedorismo no agronegócio, que traz oportunidades para a pessoa que está dentro dessa cadeia, desse processo todo”, disse.

Renata Salatini no treinamento de plantabilidade (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

Segundo ela, a competitividade precisa ser atrativa. “Tem que ser atrativo, porque se não for atrativo, é a hora de reavaliar e aí muitas ferramentas de gestão podem ser utilizadas para avaliar, reavaliar e planejar tudo aquilo que vai ser executado. O planejamento é fundamental dentro do empreendedorismo. Enfim, em todas essas habilidades que o produtor precisa ter para que o negócio dele dê certo. Ele deixa de ser aquele produtor que trabalha nos moldes mais tradicionais e passa a encarar o seu negócio, a sua fazenda, como uma empresa de fato”, explicou.


Para os novos empreendedores, Renata destaca pontos importantes. “Todas as pessoas que decidiram empreender tiveram como ponto de partida a visualização do seu negócio e foram pessoas que encararam e tiveram a visão de futuro para poder idealizar algo. Então mesmo que haja dificuldades, porque os desafios vão surgir, vá e encare, porque a coragem vai te encontrar no meio do caminho”, disse, ao enfatizar a importância de ter disciplina, organização e buscar conhecimento sempre.

Renata Salatini ao lado da filha Maria Júlia Salatini, que também atua na gestão do agronegócio (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

“Buscar informação, não ter vergonha de pedir ajuda, se precisar, e entender que não tem que ser perfeito, que a vulnerabilidade faz parte do processo de crescimento e erra é normal. Nenhum ser humano faz apenas escolhas certas. Ele executa, passa para uma vida de subida. Ninguém começa grande, ele vai subindo degraus ao longo dessa jornada. É precioso ter uma boa rede de contato, porque essa rede de contatos vai fazer o negócio expandir e também, hoje em dia, com o mundo digital, buscar sempre conhecimento e informação para poder crescer como pessoa e fazer o negócio crescer. Também não esquecer de cuidar da sua saúde, ter um hobbie, um lazer, um estilo de vida no qual essa pessoa possa, depois de um longo dia de trabalho, realizar algo que lhe dê prazer, porque com todos os pilares alinhados é mais fácil, o caminho se torna mais leve para ter um negócio de sucesso, um empreendedorismo promissor”, disse.


Pelas atuações de fibra, Renata Salatine foi escolhida para ser embaixadora do Pará na 7ª Edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, que contou com a participação de 2.500 congressistas mulheres. De amplitude significativa no agronegócio, já que abrange não só o Brasil, mas é o maior congresso de mulheres do agro da América Latina, o evento ocorreu nos dias 26 e 27 de outubro.

Renata Salatini ao lado das demais mulheres do agronegócio no 7º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo (Crédito da foto: Arquivo pessoal).

“Foi uma honra gigantesca poder representar mulheres com histórias distintas. Cada uma tem sua história, sua essência, sua busca para atuar no agronegócio. Uma responsabilidade gigantesca estar entre tantas mulheres e fazer com que todas elas pudessem ser representadas através da minha participação como embaixadora. Foi um evento muito especial. Um evento que tem uma expressão muito importante em nosso país, tendo em vista que é cada vez maior a participação das mulheres na atuação do agro, não só em propriedade da agricultura e pecuária, como também em pesquisa, em desenvolvimento, em outras atuações que fazem com que a mulher esteja cada vez mais inserida”, concluiu Renata.


Para conhecer melhor sobre Renata Salatini, siga @renatasalatini no Instagram.


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