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Foto do escritorAna Luiza Imbelloni

Maniçoba: mais do que comida, um patrimônio cultural

Marco Avelar, da Círio Alimentos, foi pioneiro na venda de maniva já cozida


Crédito da foto: Divulgação.


Uma das comidas paraenses mais tradicionais, a maniçoba é um prato de origem indígena consumido, geralmente, no Círio de Nazaré, celebração que ocorre no segundo domingo de outubro. Entre os ingredientes da iguaria estão folhas de mandioca triturada (maniva), carne de porco e produtos embutidos e defumados. 


A maniçoba precisa de cuidados especiais no preparo, por conter ácido cianídrico, substância altamente tóxica ao nosso organismo. Ao todo, são necessários sete dias para fazer a receita corretamente. 


Percebendo a necessidade de facilitar a vida das famílias paraenses, a Círio Alimentos iniciou suas atividades há 24 anos, vendendo a maniva já cozida. “Visando uma produção padronizada, procuramos a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), que abraçou a causa, nos apoiou e orientou para que pudéssemos fabricar um produto com qualidade e segurança alimentar. Em meados de 2011, a Círio Alimentos recebeu o primeiro certificado oficial que autoriza a produção e comercialização de maniva cozida com registro”, relata Março Avelar, dono do estabelecimento. 


Crédito da foto: Arquivo pessoal.


Inúmeros ensaios laboratoriais foram realizados para chegar ao tempo adequado de cozimento e garantir a eliminação total do ácido. De acordo com a ADEPARÁ, foi convencionado um período mínimo de 50 horas de cozimento a 100°C. A Círio Alimentos cozinha a maniva por 96 horas, o que garante segurança. 


“Começamos a cozinhar maniva na cozinha da casa de minha mãe, justamente por observamos a dificuldade de fazer uma maniçoba naquela época. Íamos ao Ver-o-Peso, comprávamos a folha moída crua e deixávamos no fogo por 7 dias”, conta Marco. 


Com isso, Marco percebeu que, se o processo de cozimento fosse facilitado, o consumo da maniçoba se tornaria mais frequente entre os paraenses. E esse foi o ponta pé inicial para a Círio Alimentos. “Fizemos uma amostra e fomos oferecer ao nosso primeiro cliente. Foi quando tudo começou a fluir. Foi um sucesso já no primeiro Círio. A mercadoria não deu para quem quis”, informa Marco. 


Porém, a estrutura de uma cozinha doméstica não tinha como atender a grande procura. “Até que tivemos a necessidade de comprar um terreno e iniciar a construção de nossa empresa que até hoje está localizada no mesmo lugar. Atualmente vendemos em média um milhão de kg de maniva apenas nos dois meses que antecedem o Círio de Nazaré”, afirma. 


De acordo com Marco, a Círio Alimentos tem diversos concorrentes, porém por conta do pioneirismo, da confiança que construíram com os clientes ao longo dos anos e da qualidade do produto que vendem, o estabelecimento continua presente nas celebrações dos paraenses.

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